Novo Modelo J6 poderá colocar finalmente a JAC Motors num rumo de vendas estável?


04 de agosto de 2011|1 Comentário

Muito boa a matéria veiculada ontem no site AUTOMOTIVE BUSINNESS, sobre o lançamento do modelo J6 da Jac Motors.

E de tão boa resolvemos publicar na íntegra, espero que gostem. A matéria trata do lançamento do veículo que poderá fazer a marca chinesa possa almejar a liderança em um dos segmentos automotivos de Mini Vans do mercado.

Assim como diz ter feito com o J3 (hatch e sedã), que começou a ser vendido em março deste ano, o importador dos carros da chinesa JAC para o Brasil, Sérgio Habib, primeiro precisou desconstruir e reconstruir a minivan J6, para só depois começar a vender o modelo de cinco ou sete lugares no mercado brasileiro. Segundo Habib, a chegada da J6 atrasou alguns meses porque diversas modificações foram feitas no veículo antes de embarcá-lo para cá, o que exigiu reengenharia e testes de 1 milhão de quilômetros, aqui e na China.

Ajustes feitos para o gosto brasileiro, o J6 chega neste mês às 50 concessionárias da JAC no Brasil por R$ 58,8 mil na versão de cinco lugares e R$ 59,9 mil na de sete. Ambos os modelos são “completões”, como diz o garoto propaganda da marca, o apresentador Fausto Silva. Eles vêm equipados com direção assistida, ar-condicionado digital, sistema de som, airbags frontais, freios com ABS (antitravamento) e EBD (distribuição eletrônica de frenagem). Mas há opcionais: pintura metálica (R$ 1.190), rodas de liga leve 17” (R$ 1.600) e revestimento dos bancos em couro (colocado nas concessionárias por R$ 1.400 para o cinco lugares e R$ 1.800 para o de sete).

Não há, no entanto, opção com câmbio automático – um conforto bastante solicitado em veículos nessa faixa de preço. “Não tem e nem vai ter tão cedo. A JAC está desenvolvendo um tipo de transmissão automática DCT (dupla embreagem) em uma empresa na Bélgica. Por isso ainda demora um pouco a chegar”, informa Habib.

Modificações

A maior modificação do J6 foi feita no trem-de-força, com substituição do motor 1.8 por outro 2.0 16V de 136 cavalos, desenvolvido pela JAC, o que levou à troca do câmbio. “Quem conhece engenharia automotiva sabe o tempo que leva para adaptar um carro a novos motor e câmbio”, justificou Habib. Também foi criada a versão J6 Diamond, de sete lugares, com a inclusão de uma terceira fileira com dois assentos removíveis no espaço do porta-malas, que acomodam bem duas crianças. Assim como o motor mais potente, a solução acaba gerando a sensação junto ao consumidor de estar se levando mais por menos.

Também não foi esquecida a já de praxe recalibragem da suspensão, para suportar as ruas brasileiras e o peso extra de dois passageiros. Na prática, quando está menos pesado, o carro parece pular mais, como foi possível constatar em um curto test drive de ida e volta entre São Paulo e São Roque. O motor 2.0, ainda “amaciando”, tem respostas preguiçosas, mas por certo o 1.8 original teria desempenho bem pior.

Os principais atributos positivos da minivan são seu grande e confortável espaço interno, garantido pelos 4,55 metros de comprimento, os bancos reclináveis também para os passageiros de trás e o amplo porta malas, de 720 litros sem a terceira fileira de assentos ou 195 litros na configuração para sete passageiros. É possível remover duas fileiras de bancos e ficar com espaço de 2,2 mil litros para transporte de cargas. No mais, o acabamento pode ser considerado aceitável, sem luxo, mas muito minimalista em relação aos principais concorrentes, como Chevrolet Zafira e mesmo o antigo Citroën Xsara Picasso.

O design, que saiu das pranchetas do famoso estúdio italiano Pininfarina, é moderno e até causa boa impressão visual, mas está longe de ser chamativo. Poucos nas ruas notaram a presença de um novo carro chinês na praça.

Mercado

“O mercado do J6 é interessante, porque na verdade não existe”, afirma Habib. “Os fabricantes não renovaram os modelos existentes e as vendas caíram para níveis muito baixos”, avalia. O executivo apresentou alguns números para comprovar sua tese. Em 2002, com apenas três modelos, o segmento de minivans tinha participação de 3,17% nas vendas. Hoje, com seis modelos (três deles importados), as vendas mal passam de 2 mil unidades por mês, algo como 0,6% do mercado.

Habib aposta que o J6 vai mudar isso. “Tem muita gente procurando carros com mais espaço interno e porta-malas, mas não encontra opções que pode comprar”, argumenta. Ele estima vendas de 1 mil a 1,5 mil unidades/mês, sendo 25% da versão cinco lugares e 75% da sete. “Vamos liderar o mercado de minivans porque o mercado está órfão”, sustenta. Por enquanto, 131 J6 foram vendidos na campanha de pré-venda do modelo.

O J6 chega com preço inferior aos concorrentes com motorização 2.0, caso da Chevrolet Zafira (começa em R$ 60,9 mil) e da Citroën C4 Picasso (parte de R$ 78,5 mil). Contudo, todos os seis participantes do segmento de minivans atualmente, inclusive os que custam menos do que o J6 (como a Citroën Xsara Picasso 1.6 de R$ 54 mil), vendem bem menos de 1 mil unidades/mês. O modelo da JAC, portanto, tem um desafio e tanto a superar.

Muito barulho, será que vale a pena?

A receita que Habib vai usar para conquistar mercado é a mesma já utilizada para o J3: muito barulho, com ampla campanha publicitária na TV, rádio, jornais, revistas e internet, incluindo merchandisings na Globo no Programa do Faustão e Mais Você, de Ana Maria Braga. Com isso, pretende atingir 47 milhões de pessoas.

“Até maio passado ninguém no Brasil sabia o que era a JAC. Hoje somos uma das 20 marcas mais lembradas do País”, afirma Habib, citando recente levantamento da publicação Meio&Mensagem. Com mais exposição da marca, o importador estima que as vendas de todos os modelos da JAC subam das atuais 3 mil unidades/mês para 5 mil.

“Existe uma máxima em marketing que diz que a melhor maneira de se matar um produto é fazer um grande lançamento de um produto ruim”, diz Habib, para justificar porque monitora de perto as modificações que pede nos carros que vêm para o Brasil – ela passa uma semana por mês na China e está pelo menos uma vez a cada dois meses no centro de desenvolvimento da JAC em Turim, na Itália. “A única coisa que faria a JAC não dar certo no Brasil era ter problema de qualidade. E não vamos ter porque tomamos todos os cuidados com muitos testes para evitar isso”, garante.

O tempo dirá se isso é verdade. Até lá, Habib vai vendendo sua marca chinesa que o tempo todo ele parece tentar descolar da imagem da China – como, por exemplo, dizendo que no centro de engenharia da JAC em Turim, em meio a mais de 50 pessoas, “só trabalha um chinês, e mesmo assim de Hong Kong”, ou que o design dos carros é italiano, ou que o novo câmbio automático está sendo projetado na Bélgica, ou já colando nas propagandas o selo “fábrica no Brasil” para um produto importado. Com um bom marketing, parece que em tudo se dá jeito.

“Vendemos carros em 80 países, mas nosso maior orgulho é o Brasil. O consumidor brasileiro é muito esperto. O senhor Sérgio (Habib) é muito esperto”, resumiu o vice-presidente mundial da JAC Motors, Dai Maofang, também presente ao lançamento do J6, dias depois de anunciar a construção de uma fábrica no Brasil em sociedade com o grupo de Habib, que terá participação majoritária no empreendimento….

 

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