Gurgel Motores S/A, uma empresa “muitonacional”!


04 de fevereiro de 2009|4 Comentários

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A notícia da Morte do fundador da Gurgel Motors parece que contribui como mais uma notícia da crise do mercado automotivo. Conceitos inovadores e quem hoje estão em voga como carro de fibra e movido a energia elétrica já tinham sido pensados e postos em prática pelo engenheiro Amaral Gurgel. Vai fazer falta…

Um ícone da industria automobilistica, a Gurgel Motors foi um simbolo de um nacionalista visionário, que empreendeu  o sonho de um carro 100% nacional. Com mais de 40 mil veículos genuinamente brasileiros produzidos, com  grandes sucessos e fracassos,  viu seu sonho ir por água abaixo  diante  do cerco da concorrencia das grandes multinacionais .

Engenheiro e empresário João Augusto Conrado do Amaral Gurgel graduou-se pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (1949) e pós-graduou-se nos EUA. Após algumas experiências internacionais e alguns projetos nascionais,  Gurgel começou a produzir pequenos carros para crianças e karts.

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Com chassi, motor e suspensão Volkswagen, o bugue Ipanema foi o primeiro veículo na mais nova empresa de Gurgel, fundada em 1º de setembro de 1969a, com o nome de Gurgel Motores. Chamada de empresa “muitonacional” por Gurgel, devido ao uso de capital 100% nacional, claramente uma sátira as demais multinacional presentes na época.

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Mas o sucesso só veio em 1973 com chegava o X-10 e X-12 Xavante, um jipe off-road que possuia um sitema anti atolamanto bem criativo e economico chamado Selectraction, que travava uma das rodas trazeiras para não derapar através de uma alavanca situada próximo a embreagem.

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Equipado com motor Volkswagen a ar, o jipe da marca trazia características inuzitadas, como o chassi feito da união de plástico e aço, denominado Plasteel, e a carroceria em plástico reforçado com fibra-de-vidro (FRP). Carro-chefe da marca o jipe ganhou ao longo do tempo mudanças, como, teto ríg e uma versão militar. Até que em 1986 o nome do X-12 foi trocado para Tocantins, acompanhando ligeira reforma estética, passando a apresentar linhas mais modernas sem, porém,  fugir de suas origens.


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Contra o Pro-álcool e visionando veículos movidos a energia, Gurgel desenvolvel em sua fábricao seu primeiro veículo movido a energia elétrica, o  Itaipú, uma van. Mas com pouca autonomia (70KM) e baterias com pouca vida útil, o veículo foi um fracasso e tão logo foi tirado de linha. Seu segundo veículo elétrico, o Itaipu E400, também não obteve sucesso e o projeto de veículos elétricos não se demonstraram economicamente viável.

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Em meados da década de 80, alinha de veículos da Gurgel cresceu contando com 10 modelos. Dentro os novos modelos eram o X-15, furgão com aparencia robusta com versões picape de cabine simples e dupla, o G15L, picape cabine-simples mais longa, o urbano Xef,  com duas portas e três volumes bem definidos e o jipe Carajás, nas versões eram TL (teto de lona), TR (teto rígido) e MM (militar).

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X-15 Furgão

X-15 Furgão

g15l

Xef - urbano

Xef - urbano

carajas

Com o projeto Cena, “Carro Econômico Nacional”, ou Gurgel 280, Gurgel atingiu seu sonho por completo, pois  desenvolvera um carro totalmente projetado e manufaturado no Brasil.  Com alguns últimos acertos feitos em 1988 o carro rebatizado como BR-800 começou a ser produzido em série.

br-800

O Br-800 tinha um motor fundido em liga de alumínio-silício e era batizado como Enertron e foi inteiramente desenvolvido pela Gurgel no Brasil. Seu grande avanço era a ignição controlada por um microprocessador, disparando simultaneamente nos dois cilindros, não havendo necessidade de distribuidor e proporcionando atingir a 6.000 rpm sem flutuação de válvula (fechamento incompleto devido à velocidade excessiva).

 

gurgelmotoresSuas vendas foram um sucesso, principalmente porque seu preço ficava 30% abaixo de seus concorrentes, devido ao imposto 5% de IPI dado pelo governo como apoio a industria nacional. Porém esse apoio não durou muito e o benefício foi estendido a todos os veículos até 1000 litros de todos as montadores presentes no Brasil. Com isso sua principal vantagem se foi e a concorrencia foi dura, oferecendo melhores veículos pelo mesmo preço.

Tentando combater a concorrencia e se firmar no mercado a Gugel Motores desenvolver, o Supermini, um Br-800 remodelado. Os vidros dianteiros não eram mais corrediços nem tinham quebra-ventos, e agora havia uma verdadeira tampa de porta-malas. O banco traseiro bipartido possibilitava o aumento da capacidade do porta-malas. O consumo era baixo. Fazia 14 km/l na cidade e, a uma velocidade constante de 80 km/h, até 19 km/l em quarta marcha.

Supermini

Supermini

Como destaques tinha motor com suspensão pendular, com coxim em posição elevada. A suspensão dianteira já não era mais a Springshock do BR-800 – mola e amortecedor combinados, fabricados na própria Gurgel, que apresentavam enorme deficiência -, mas uma disposição convencional de braços transversais superpostos com mola helicoidal. A traseira era por segmento de feixe de molas longitudinal. A versão SL trazia como equipamentos de série conta-giros, antena de teto, faróis com lâmpadas halógenas e rádio/toca-fitas. Até junho de 1992, 1.500 unidades do Supermini haviam sido vendidas.

Atolada em dívidas e enfraquecida no mercado pela concorrência das multinacionais, a Gurgel pediu concordata em junho de 1993. Houve uma última tentativa de salvar a fábrica em 1994, quando a Gurgel pediu ao governo federal um financiamento de US$ 20 milhões, mas este o foi negado, e a fábrica acabou fechando as portas no final do ano.

Sem dúvida o grande engenheiro João Gurgel deixou seu legado na indústria nacional. Foi um homem à frente do seu tempo, corajoso e patriota que infelizmente não conseguiu suportar sozinho a concorrência das grandes multinacionais.

 

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