Descoberto o segredinho do recorde de vendas de 0km no final de 2010


05 de janeiro de 2011|Sem Comentários

Vista do pátio da GM que atingiu o primeiro lugar em vendas em 2004

Em artigo escrito pelo Jornalista Joel Leite, hoje dia 05 de janeiro o que vemos no texto super elucidativo  e esclarecedor é o que mostra que nem sempre tudo que se divulga realmente se deve levar em conta. Reproduzimos o texto na íntegra e espero que gostem.

O texto aborda o expediente usado pelas montadoras para inflar as vendas e quem sabe, mostrar um pouco mais dos bastidores do setor.

Se você for comprar um carro zero numa concessionária e lhe oferecerem um já emplacado, não se assuste, não se trata de um carro usado. Você vai observar que o hodômetro está zerado e que ninguém sequer sentou no banco do motorista. São os carros frutos do “rapel”, o termo usado na relação entre montadora e concessionária para indicar que o carro foi licenciado em nome de um terceiro. Em todo fim de mês, mas especialmente no último mês do ano, as montadoras pressionam as concessionárias para vender mais, esvaziar o estoque, a fim de fechar o ano com maior participação possível no mercado.

O recorde histórico de vendas em dezembro, de 361.197 unidades de carros e comerciais leves anunciado pelo Renavam, é, portanto, “falso”.

A prática não é nova. Foi usada de forma descarada pela GM em 2004, quando o presidente da filial brasileira na época, Ray Young, tinha a missão de fazer a empresa líder de mercado naquele ano, quando se comemorava os 80 anos da marca no Brasil. A GM de fato foi líder em 2004. A prática, condenada pela General Motors Corporation, foi desmentida pela filial brasileira, mas confirmada pela imprensa e pelos números de vendas desastrosos em janeiro do ano seguinte (2005): a empresa caiu do primeiro para o quatro lugar no ranking, perdendo até para a Ford, pois os carros vendidos em janeiro foram licenciados antecipadamente e entraram na “conta” de dezembro.

Veja os comentários do presidente da Fenabrave Sérgio Reze

Sérgio Reze, presidente da Fenabrave, a federação que reúne os distribuidores de veículos, condenou essa prática que, segundo ele, voltou a ser feita (referindo-se ao caso da GM – sem citar a marca – em 2004) em dezembro de 2010.

“A diferença (em relação a 2004), disse Sérgio, é que desta vez quase todas as montadoras usaram a mesma estratégia, fizeram licenciamentos em nome de terceiros, de modo que nenhuma acabou se beneficiando. As vendas explodiram, mas nenhuma marca se destacou”.

Não há outro motivo, segundo o presidente da Fenabrave, para que o mercado tenha crescido tanto em dezembro, batendo o recorde histórico. Segundo estimativa da Fenabrave, 35 mil carros foram licenciados antecipadamente e estão nas concessionárias já emplacados.

Certamente serão oferecidos ao cliente como uma grande oportunidade, pois o carro já vem lacrado e com pelo menos a primeira parcela do IPVA paga. Não deixa de ser uma situação atrativa para o consumidor, que, no entanto, será o “segundo dono” do veículo.

Sérgio Reze diz que o resultado dessa prática – que ele promete eliminar – virá agora em janeiro, quando oficialmente as vendas serão um desastre.

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